De forma unânime, as falas dos especialistas, que compuseram a12ª edição do Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional e o 25º Encontro Brasileiro de Higienistas Ocupacionais, teve somente um eco: “Garantir um ambiente de trabalho saudável e promover o bem estar dos trabalhadores e trabalhadoras, qualidade de vida e evitar possíveis doenças ocupacionais decorrentes durante a jornada de trabalho”.
Durante os três dias de evento, de 13 a 15 de agosto, palestras e discussões englobaram o tema central “As ações de Higiene Ocupacional e os impactos na saúde do trabalhador”. Em 2018, a Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) escolheu este tema para tratar de assuntos sobre agentes químicos, insalubridade, perícias trabalhistas, gestão em segurança e saúde no trabalho, agentes físicos e a Portaria nº 3.214/1978.
As explanações frisaram que é necessário respeitar as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, para que nos dias atuais e com mudanças na legislação trabalhista, a saúde do trabalhador não seja prejudicada. A respeito disso, os especialistas citaram a jornada de trabalho que em excesso pode levar os trabalhadores à síndrome da fadiga crônica ou esgotamento físico e mental. Outro ponto destacado foi sobre a insalubridade para mulheres grávidas. A nova regra permite que as grávidas e lactantes podem exercer atividades em condições insalubres.
Diante disso, os higienistas ocupacionais informam que o programa de higiene do trabalho é fundamental porque comprende o reconhecimento, avaliação e o controle dos riscos ambientais nos locais de trabalho. Contudo, o higienista é um profissional capacitado para comprender os agentes ambientais, os quais englobam agentes físicos, químicos e biológicos.
Abertura do evento
A mesa de abertura foi composta pelo presidente da ABHO, Osny Ferreira Camargo, pela presidente da Anamt, Márcia Bandini, pelo diretor Técnico e presidente substituto da Fundacentro, Robson Spinelli Gomes, e por Renata Matsumoto, chefe da Seção de Segurança do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho/SP.
Spinelli que é higienista ocupacional iniciou-se na atividade em 1983, na área de Higiene do Trabalho da Fundacentro, o qual foi contratado pelo José Manuel Gana Souto. “Acredito que a nossa área de higiene ocupacional é uma das áreas mais importantes em relação à criação do processo de trabalho porque ela vai impactar efetivamente na saúde do trabalhador. O conceito da Higiene é uma área de conhecimento não médica, mas que intervém na saúde dos trabalhadores. Hoje o grande desafio para o higienista é lidar com todas as informações que chegam sobre o processo de trabalho, é necessário saber de tudo um pouco”, salienta o diretor Técnico.
Completa que “devemos ter a capacidade de refletir sobre os impactos das novas tecnologias e a vida do ser humano está cada vez mais virtual. Às vezes, essa virtualidade estabelecida retira a reflexão dos processos fundamentais de ver os agentes no ambiente de trabalho e os seus registros e, isto interfere o mundo interno com o externo”, frisa Robson.
O presidente da ABHO, Osny Ferreira Camargo, salienta que a ABHO e a Fundacentro são parceiras desde a criação da Associação. “As pessoas que criaram são ex-funcionários da Fundacentro, os quais são extremamente importantes. Por isso, a presença dos pesquisadores de uma instituição que visa difundir conhecimento sobre segurança e saúde no trabalho e meio ambiente, neste evento que reúne um leque de especialistas, discussões e iniciativas em benefício do trabalhador, é, sem sombra de dúvidas, uma oportunidade especial. O tema que escolhemos este ano é bem abrangente e possibilita tratar de vários tópicos relacionados à saúde do trabalhador”, salienta Osny.
A médica e presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), Márcia Bandini, comenta que todos os participantes, independente da formação, são profissionais de saúde. “O nosso maior objetivo é proteger a saúde dos trabalhadores e, isto faz com que estejamos aqui reunidos neste Congresso”, frisa a presidente da Anamt. Enaltece ainda que está edição é uma das mais importantes na história da ABHO. “Os desafios técnicos são muitos, mas os nossos desafios hoje em dia, nas questões sociais e políticos vigentes são ainda maiores”, finaliza.
Já Renata Matsumoto, da Superintendência Regional do Trabalho/SP, em nome do Ministério do Trabalho, agradece pela participação. “O nosso Ministério na parte de fiscalização, na questão da higiene ocupacional, enfatizamos a importância e a valorização dessa área e dos temas relacionados. Nesse momento no mundo do trabalho é preciso reunir a academia, área de pesquisa e cada uma das representações, para que possamos estar vigilantes para as questões da saúde e segurança do trabalhador”, discorre Matsumoto. Completa que o e-Social tem que ser uma ferramenta para auxiliar e integrar as informações dos funcionários com as condições dos postos de trabalho.
Participação da Fundacentro
Em mais uma edição, a Fundacentro participa disseminando informações a respeito de temas de SST, por meio de palestras, coordenando painéis e discutindo ações em prol da prevenção e controle dos riscos ambientais. A instituição também esteve com estande e o Setor de Eventos (SEv) informa ao público os serviços da instituição e distribuí publicações, tais como NHO – 01 – Avaliação de exposição ocupacional ao ruído; NHO – 05 – Avalição de Exposição ocupacional aos raios X nos serviços de radiologia; NHO – 06 – Avaliação de exposição ocupacional ao calor; Segurança química para trabalhadores, comunidade e meio ambiente; Coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho; Benzeno, experiências nacionais e internacionais; Manual de interpretação de informações sobre substâncias químicas; Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle de exposição a produtos químicos; Programa de Proteção Respiratória: Recomendações, seleção e uso de respiradores e Manual de orientação sobre controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas.
Além disso, pesquisadores aposentados da instituição e que também fazem parte da história da Higiene Ocupacional marcam presença no congresso: Margarida Teixeira Moreira Lima, Marcos Domingos da Silva, Mário Luiz Fantazzini, José Possebon, Irene Ferreira de Souza Duarte Saad, Eduardo Giampaoli, Irlon Ângelo da Cunha e José Manuel Gana Souto.
Higienistas em destaque
Maria Margarida Teixeira Lima
“Você, sendo Fundacentro é Fundacentro para toda vida. Vestimos a camisa porque gostamos do que fazemos, essa contribuição é independente de qualquer coisa, e o objetivo da instituição é muito nobre. Fico emocionada de encontrar os colegas que foram aposentados antes de mim e poder conversar sobre a Fundacentro. Comecei na área de higiene, os colegas Gana Souto e Irene Saad foram os meus primeiros chefes.”
Marcos Domingos da Silva
“A Fundacentro e a ABHO são praticamente irmãs siamesas, e é difícil separar. O que aprendemos na instituição trouxemos para a Associação. A diferença entre as duas é a liberdade da ABHO, porque permite o contato com mais profissionais, não ficamos presos ao orçamento ou políticas. Isto possibilita desenvolver outros trabalhos. Na história, a Associação cobriu uma parte que a Fundacentro não pôde desenvolver, a exemplo disso, o Livro da ACGIH – TLV, o qual a instituição traduziu na década de 70, depois não fez mais. A ABHO continuou com as traduções.”
José Possebon
“A Fundacentro tem um papel importante junto com a ABHO. Esse evento é imprescindível para abranger o Brasil como um todo, porque o tema sobre segurança é mais conhecida, já higiene, não. Temos muitos trabalhadores que acabam ficando doentes por serem contaminados no ambiente de trabalho e o papel da higiene ocupacional é exatamente o de manter esse ambiente de trabalho limpo e saudável. Ou seja, um ambiente livre dos agentes tóxicos, o trabalhador não adoece ou morre.”
Irene Ferreira de Souza Duarte Saad
“A ABHO surgiu com a participação dos higienistas da Fundacentro, unidos a outros colegas, poucos na época, que também estavam inseridos no campo da higiene. A Associação teve um papel fundamental na formação desses profissionais e esse evento, além de trazer anualmente temas atualizados, colocando os especialistas em contato com o que existe de moderno em nosso país e no mundo. Também promovemos cursos que permitem que os profissionais aprimorem em sua área. Tudo isso torna esse evento especial no Brasil porque colabora na prevenção de acidentes, sobretudo em proteger vidas.”
Jandira Dantas Machado
“A minha participação é a de sempre, rever os amigos e atualizar-me sobre os temas que são debatidos neste evento. É muito importante à higiene ocupacional, não compreendo estudar a doença do trabalhador, sem estudar o ambiente. Como perita da justiça do trabalho, sentia a necessidade de fazer o curso de higiene no trabalho. Aprender e ensinar é fantático, a nossa mente se expande. O servidor da Fundacentro de Pernambuco, José Hélio Lopes Batista, foi o meu primeiro aluno do curso de técnico de segurança e saúde no trabalho, em Pernambuco. Em 2015, quis entender sobre nanotecnologia. Quando comecei a estudar esse tema, percebi que não sabia de física e química. É importante qualquer profissional se atualizar na sua área.” (Jandira Dantas foi homenageada com uma placa).
Fonte: Fundacentro