Rio – O Rio de Janeiro tem o primeiro projeto de transformação de esgoto em energia. A matéria prima vem da rede da Nova Cedae, que passa por tratamento na Estação Alegria, no Caju. Parece coisa de cinema, como se vê no filme que já se tornou um clássico, ‘De Volta Para o Futuro’, quando o cientista louco, apressado, coloca lixo orgânico no tanque, dando demonstração das novas tecnologias. O filme é dos anos 80 e traçava um panorama das décadas seguintes, cada vez mais próximo do que se faz hoje.

O lodo do esgoto, que passa por processos de tratamento físico e biológico, é convertido em biodiesel e biogás, usados na geração de energia. Hoje, esse material, após o tratamento, é descartado e levado para aterros sanitários. A água, também tratada e exibida em aquário cheio de peixes ornamentais na entrada da estação, vai para a Baía de Guanabara. No futuro, todos os subprodutos do esgoto da cidade — água, lodo e seus componentes — serão reaproveitados, dentro da meta de resíduo zero estabelecida pela empresa, no compasso da reutilização.

“Vamos inaugurar nova fase da Estação Alegria, com a utilização do biogás em nossa planta de geração de energia nas próximas semanas”, anunciou o presidente da Nova Cedae, Wagner Victer. Segundo o diretor de Produção e Operação da companhia, Jorge Briard, a tecnologia é fruto de projeto de Pesquisa e Desenvolvimento da Coppe-UFRJ, financiado pela Termo Rio. “Temos um processo experimental que produz 50 litros de biodiesel por dia. A energia é utilizada na iluminação artística da estação. A geração com o biogás será incorporada em breve”, diz o engenheiro. O projeto será levado a todas as unidades.

Miguel Cunha, gerente de Tratamento de Esgoto, esclarece que hoje parte do gás liberado no tratamento é queimado, porque não há como armazená-lo. A partir do funcionamento da planta de geração, será utilizado. “A Coppe pesquisa a quantidade de gás e o potencial energético de geração. Gerar com biogás tem complexidade tecnológica, mas é um processo resultados imediatos”, explica Cunha.

Na estação de tratamento, todo o trabalho é no sentido de separar os resíduos (lixo e lodo) da água. O lodo gera biogás e escuma (gordura), que movem as usinas. Uma outra parte é enviada a uma centrífuga e a uma unidade de secagem. O resultado é a retirada de até 70% da umidade, com a condensação do lodo em pellets (resíduo seco) que, livres de agentes patogênicos, podem ser usados como fertilizantes. “Já testamos aqui”, diz Cunha. “A grama ficou bonita”, completa, sem disfarçar o orgulho. Além disso, o lodo também é transformado em carvão.
Esse clima futurista de aproveitamento do esgoto e esforços para chegar à emissão zero atrai hoje visitantes de todo o estado. “A estação tem um Centro de Visitação Ambiental. Recebemos estudantes interessados e profissionais . A visita inclui acompanhamento e explicações sobre o processo. Basta marcar pela Internet (www.cedae.com.br)”, destaca Briard.

Fonte: O Dia Online

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