Especialistas ensinam como organizar as tarefas do dia-a-dia de acordo com o “relógio biológico”.

Você pode até não saber o que é Cronobiologia, mas já deve ter ouvido falar em “relógio biológico”. Acredite: este “relógio” existe e está situado numa região do cérebro conhecida como hipotálamo. É ele que regula, com a precisão de um modelo suíço, o funcionamento do nosso organismo: da temperatura corporal à freqüência cardíaca, da pressão arterial à coagulação sangüínea.

“É o relógio biológico que nos obriga a acordar cedo quando poderíamos dormir até mais tarde. Atrasar esse relógio é fácil. Difícil é adiantá-lo. Por isso, reclamamos mais quando temos que acordar cedo do que quando vamos dormir tarde”, explica o neurocientista John Fontenele Araújo.

E, para entender como funciona este “relógio”, é que existe a Cronobiologia. “É a área da Biologia que estuda os aspectos temporais dos organismos, tanto do ponto de vista de suas relações com os ciclos ambientais, como dia/noite, quanto da organização interna, como sono e fome”, conceitua o biólogo Luiz Menna-Barreto.

Graças à Cronobiologia, já sabemos que o corpo humano tem hora marcada para tudo: para ir ao dentista e sentir menos dor, para fazer sexo e ter mais prazer e até para malhar e ganhar mais músculos. “É verdade que existe um horário ideal para fazer exercícios e ter relações sexuais, mas não é possível generalizar para todas as pessoas”, frisa Menna-Barreto.

A estudante Josi Souza, 23 anos, até tentou jogar futevôlei em outros horários, mas seu rendimento em quadra é melhor à noite. “Durante o dia, o sol desgasta mais e, por isso, canso mais rápido. À noite, rendo melhor porque estou mais relaxada. Faz bem ao corpo e à mente”, opina Josi.

Os especialistas salientam que não é todo mundo que compartilha do mesmo ritmo biológico. Enquanto alguns preferem dormir e acordar cedo, outros se sentem mais ativos à noite. Crianças e idosos tendem a ser mais matutinos. Já os adolescentes têm um perfil mais vespertino. A grande maioria, no entanto, vive em um situação intermediária.

Um dos dados mais curiosos da Cronobiologia é o que diz respeito à famosa sonolência que acomete boa parte dos mortais depois do almoço. Segundo Araújo, o corpo humano foi programado para tirar uma “sesta” após a principal refeição do dia. A justificativa é uma queda no nível de adrenalina, o hormônio que acelera o ritmo cardíaco.

“Os últimos estudos indicam que o ideal seria cochilar de 15 a 25 minutos após o almoço. Esse período de descanso, porém, não pode ser longo. Caso contrário, você vai sentir dificuldade para ficar alerta. É como desligar o carro em lugar frio. Depois, para o motor pegar de novo, demora um pouco”, compara Araújo.

Saber Horário de Crises Aajuda a superá-las

O “relógio biológico” determina também os horários de maior incidência de doenças, como asma, diabetes e infarto. Segundo o pneumologista José Manoel Jansen, as crises de asma são mais freqüentes de madrugada, por volta das 4h. Tudo por causa da queda na produção de cortisol, hormônio que tem efeito analgésico no organismo. “Se a asma tende a piorar às 4h e um remédio leva oito horas para fazer efeito, o correto é receitá-lo por volta das 20h”, observa.

O aposentado Maurílio Luiz Machado, 75 anos, aprovou a prática clínica da Cronobiologia. Asmático desde criança, deixou de passar as madrugadas em claro, com chiado no peito e falta de ar, desde que começou a tomar o remédio religiosamente às 20h.
“Na infância, tinha crises horríveis. Não podia ficar gripado que logo tinha falta de ar. Hoje, não vou para a cama sem a minha bombinha. Se esqueço de usá-la, espirro tanto que fico sem ar”, afirma o aposentado.

Fonte: André Bernardo, O Dia Online.

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