Há várias leituras possíveis sobre a notícia de que a Monsanto foi condenada a pagar mais de R$ 1 bilhão a um cidadão norte-americano que contraiu câncer e que afirma, com base em diagnósticos e exames médicos, que sua doença foi causada pelos herbicidas “Roundup” e “RangerPro”, fabricados pela empresa. A Bayer, que comprou a Monsanto em junho, já lançou um contrataque, afirmando que “o glifosato é seguro para uso e não causa câncer quando usado de acordo com o rótulo.”

É como diz Yuval Noah Harari em seu “Homo Sapiens – Uma breve história da humanidade” : as pesquisas científicas podem servir a diferentes ideologias. E a diversos propósitos. Enquanto isso, nós ficamos de fora, em alerta, sem saber exatamente no que acreditar.

Mas na minha casa sempre me ensinaram, desde pequenina, que onde há fumaça há fogo. Isto é o mínimo que se pode pensar de um assunto tão sério, que envolve vidas humanas. Logo, seria bem interessante podermos ficar longe de tal substância, pelo menos até prova em contrário.

A despeito da afirmação da empresa, um relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde em 2015, que recebeu o título de “International Agency for Research on Cancer (Iarc) Monographs Volume 112: evaluation of Five organophosphate insecticides and herbicides”, o ingrediente ativo glifosato foi classificado como “provável carcinogênico para humanos”.

Ocorre que – e esta é a leitura mais urgente a ser feita por nós, brasileiros, da notícia sobre a multa cobrada à Monsanto – desde 1998 o Roundup é “a marca de herbicida mais lembrada pelo empresário rural brasileiro”, o que é comemorado numa notícia publicada no site da empresa em 2014. Teremos problemas, portanto, para ficarmos longe do produto em questão.

Outro fato muito importante que não pode ser esquecido por nós, é que o Brasil consome 20% de todo agrotóxico comercializado mundialmente. E este consumo tem aumentado significativamente nos últimos anos, tornando-nos campeões no uso dos agrotóxicos em todo o mundo. Assim mesmo, não contentes com este resultado, os deputados da Comissão Especial da Câmara votaram, em junho, em plena Copa do Mundo, um projeto de lei que flexibiliza a fiscalização do uso e a compra. A proposta ainda dá ao Ministério da Agricultura a competência para liberar a comercialização de tais produtos no país antes que o Ibama e a Anvisa concluam análise do registro do produto.

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