Programa estadual de reciclagem de óleo de cozinha ganha adesões e intensifica divulgação da proposta, que evita o congestionamento do esgoto e gera renda para catadores. Campanha vai propagar benefícios em condomínios.
Rio – O Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal (Prove) — iniciativa da Secretaria de Estado do Ambiente — prepara uma série de ações de conscientização da população do Rio de Janeiro sobre a importância de não se descartar óleo de cozinha no meio ambiente, seja por meio do sistema sanitário, direto nos bueiros, no solo e nos córregos ou misturado ao lixo. Em breve, condomínios da cidade receberão material impresso detalhando o mal que esse velho hábito pode fazer à saúde e à natureza, além dos benefícios de sua reciclagem. Em vez de entupir ralos, tubulações e o esgoto da cidade, esse material pode voltar ao uso doméstico, em forma de sabão, ou ainda ser usado na produção de biodiesel, menina dos olhos dos ambientalistas.
“O óleo vegetal é uma matéria prima que não pode ser desperdiçada. Ele remunera em cerca de R$ 1 por litro, portanto, um grande atrativo para catadores como alternativa de geração de renda. Nosso trabalho é articular parcerias e apoiar as cooperativas. Queremos divulgar cada vez mais essa proposta”, assinala Marilene Ramos, secretária estadual do Ambiente.
Na semana passada, a Secretaria de Estado do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente iniciaram a coleta de óleo de cozinha nas imediações do edifício-sede dos dois órgãos, na Praça Mauá, Centro do Rio. Receptivos à iniciativa, Ministério da Agricultura, Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Receita Federal e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foram receptivos e receberão os recipientes coletores, além de certificados de apoiadores do programa. A ideia é atrair outros órgãos e também a iniciativa privada.
Lançado no fim de 2007, o Prove conquista cada vez mais adesões e recolhe hoje cerca de 450 mil litros de óleo de cozinha por mês. Há 40 cooperativas de catadores envolvidas no trabalho, beneficiando direta e indiretamente mais de mil pessoas. Por meio de uma cooperativa, o programa abriu entreposto em Niterói, para divulgar a reciclagem e organizar trabalhadores.
Condomínios, casas comerciais e instituições que se tornam parceiras recebem bombonas para a coleta do óleo, que ficam posicionadas em locais determinados pelos agentes de meio ambiente, preferencialmente de fácil acesso pelos funcionários. O óleo deve ser acondicionado em garrafas PET, que devem precisam ser depositadas bem fechadas no coletor, para evitar vazamentos. O transporte é feito pelas cooperativas integrantes do programa, que recolhem o produto e levam até os locais de reaproveitamento.
Descarte inadequado ou reúso prejudicam a saúde
Dados apontam que um litro de óleo é o bastante para contaminar 1 milhão de litros de água. Despejado no solo, o líquido pode impermeabilizá-lo, o que contribui para enchentes e alagamentos. E, em decomposição, libera gás metano, que, além de ter mau cheiro, agrava o efeito estufa. “Para evitar o trabalho de descarte adequado, muitos estabelecimentos reaproveitam óleo na fritura. Isso também não é solução, além de representar risco para a saúde”, alerta Eduardo Caetano, coordenador do Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal (Prove).
O óleo reciclado tem diversas aplicações, mas, no Rio de Janeiro, no âmbito do programa, é especialmente destinado à produção de sabão pastoso. Detergente, glicerina, ração para animais e biodiesel são outros finalidades.
Sem esse destino, o produto prejudica solo, água, ar e a vida. Quando retida no encanamento, a substância requer aplicação de produtos químicos para sua remoção. Sem sistema de tratamento de esgoto, o óleo acaba se espalhando pela superfície dos rios e das represas, contaminando a água e matando muitas espécies animais.
Fonte: O Dia online