A busca do conhecimento a respeito do processo saúde-doença que acomete os trabalhadores, e que culmina em acidentes de trabalho, revela a importância do estudo do perfil epidemiológico dessas ocorrências. Na execução do trabalho de enfermagem, é frequente o contato com micro-organismos patológicos oriundos de acidentes ocasionados pela manipulação de material perfurocortante. A exposição ocupacional a material biológico representa um risco para os trabalhadores das instituições de saúde devido à possibilidade de transmissão de patógenos, como o HBV (Vírus da Hepatite B) e o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).

Nesse contexto, é importante mencionar a Portaria GM/MS nº 777/2004, que dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de acidentes de trabalho e determina como instrumento a ficha do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Portanto, os acidentes de trabalho com material biológico devem ser notificados de forma compulsória, prontamente incluídos no Sinan, sem a necessidade de aguardar o preenchimento das informações referentes ao acompanhamento sorológico.

Ao analisar a importância da documentação de acidentes biológicos e as condições em que eles ocorrem, este artigo visa contribuir para a elaboração de uma política e de programas mais efetivos, baseados na documentação compulsória para prevenir tais ocorrências.

Os trabalhadores da saúde se sujeitam a vários riscos ocupacionais, adoecem e se acidentam. Um estudo realizado em duas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) na cidade de São Paulo/SP concluiu que os maiores coeficientes de risco a que são expostos os profissionais de saúde estão relacionados aos riscos biológicos. Entende-se a exposição ocupacional por material biológico como a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho.

No cotidiano da enfermagem, outras situações de risco também são comumente observadas, como:
– administração de banhos de chuveiro nos pacientes, com os trabalhadores utilizando sacos de lixo amarrados nos pés para protegê-los devido à ausência de EPI apropriado;
– transporte, sem proteção, de seringas, agulhas e outros instrumentos pelos corredores (após a realização de coletas de sangue e outros líquidos corpóreos veiculadores de micro-organismos patogênicos) até serem depositados em caixas de descarte, localizadas longe dos locais das coletas e muitas vezes com a capacidade esgotada;
– trabalhadores com calçados abertos ou portando adornos, os quais facilitam a possibilidade de contaminação;
– ocorrência de quedas e acidentes por escorregamentos em chãos lisos nos estabelecimentos de saúde;
– trabalhadores que se deslocam dos seus locais de trabalho até o meio de transporte coletivo, e daí para suas casas, trajando uniformes sem terem tido a oportunidade de mudarem de roupa após a jornada laboral.

Fonte: Revista Proteção

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *