A Fundacentro realizou 10 Seminários de Pesquisa no segundo semestre de 2017, que compuseram a grade curricular do Programa de Pós-Graduação Trabalho, Saúde e Ambiente, mas, diferentemente de outras disciplinas, essas palestras eram abertas ao público em geral. O último tema abordou a “Aplicação do Sistema Globalmente Organizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos [GHS]: análise do conteúdo de ficha de dados de segurança”.

A palestra foi ministrada por Camila Devicentis, mestre em Trabalho, Saúde e Ambiente pela Fundacentro e química da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). O GHS aborda a classificação de produtos químicos por tipos de perigo e propõe a comunicação disso por meio de rótulos e fichas de dados de segurança. A primeira publicação do GHS ocorreu em 2003 no chamado Purple Book, que hoje se encontra na sétima edição.

A classificação do perigo aborda três estágios: identificar os dados relevantes sobre os perigos das substâncias ou misturas; revisar esses dados para verificar os perigos associados; e decidir se haverá a classificação de substância ou mistura perigosa com a indicação do grau de perigo.

A rotulagem deve transmitir as informações sobre os perigos de forma clara para que as pessoas possam entendê-los e minimizar os efeitos adversos resultantes da exposição. Para tanto, são informados a identificação do produto e o telefone de emergência do fornecedor, a composição química, o pictograma de perigo, palavras de advertência, frases de perigo e de precaução.

Outro elemento importante nesta história são as Fichas de Dados de Segurança – FDS ou Ficha de Informação de segurança de Produtos Químicos – Fispq. Camila Devicentis explica que esse documento “descreve as propriedades químicas e físicas de um produto e fornece informações sobre seus perigos, instruções de manuseio, descarte, transporte e medidas relativas aos primeiros socorros, combate a incêndio e ao controle da exposição”.

Efetividade do GHS

O papel do GHS é fundamental, mas qual a sua efetividade na prática? De certa forma, o estudo realizado por Devicentis no Mestrado da Fundacentro buscou responder esta questão. A pesquisadora analisou a adequação e o conteúdo das fichas de dados de segurança de substâncias produzidas em larga escala no Brasil, que apresentam classificação de perigo físico e à saúde humana, segundo os critérios do GHS.

Foram selecionadas amostras de 10 substâncias de maior produção no país segundo a Abiquim, que apresentassem ao menos dois fabricantes, fichas disponíveis na internet e tivessem a classificação de perigosa. A pesquisadora analisou o conteúdo de 20 fichas, comparando-os com o de um dossiê que delimitou as seções relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores.

As fichas analisadas, em geral, atendem aos requisitos formais, mas há lacunas de informações que impactam na classificação de perigo da substância e nos elementos para a comunicação de perigos. Outro problema é que há uma propagação de erros contidos nas fichas ao longo da cadeia. As informações sobre a composição da substância são precisas em 55% das fichas.

Há ausência ou inconsistência na declaração das impurezas e apenas 5% das fichas avaliadas foram precisas quanto às propriedades físico-químicas. “Em 85% dos casos, existiam lacunas representadas pela ausência de alguma propriedade físico-química e para 80% dos casos, imprecisões quanto às informações declaradas”, completa a palestrante.

As 20 fichas não foram precisas quanto às informações toxicológicas, apresentando erros ou imprecisões nos dados exigidos pelo GHS para essa questão em 85% dos casos. Também houve erros ou imprecisões em 65% das fichas no quesito classificação de perigo e 60% deixaram de apresentar classificação.

Mais detalhes sobre esses e outros resultados alcançados podem ser obtidos na dissertação de mestrado “Aplicação do sistema globalmente harmonizado de classificação e rotulagem de produtos químicos (GHS): análise do conteúdo de fichas de dados de segurança para substâncias produzidas em larga escala”, disponibilizada na Biblioteca Digital da Fundacentro.

Também é possível acessar o conteúdo da palestra em Eventos Realizados.

Saiba mais

Acesse a sétima edição do Purple Book em inglês.

Acesse a NBR 14725-1: Produtos químicos — Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente

Biblioteca digital da Fundacentro

O último Seminário de Pesquisa foi realizado em 30 de outubro. Saiba mais sobre os outros seminários, lendo as matérias já publicadas.

23/10 – Ferramentas de modelagem são apresentadas por aluno do Mestrado

16/10 – Pesquisador informa que o trabalhador corta entre 10 e 14 toneladas de cana-de-açúcar por dia

09 /10 – Professora da Unifesp apresenta pesquisa realizada no Porto de Lisboa

02/10 – Laboratório de Mudanças foi tema do Seminário de Pesquisa

25/09 – Poluição do ar preocupa especialistas

18/09 – Parcerias entre entidades são fundamentais para Politica de Saúde do Trabalhador, diz palestrante

11/09 – Dados secundários em SST são necessários para filtrar as informações

04/09 – Estatístico explana sobre cuidados necessários no uso dos números

28/08 – Palestrantes reforçam a importância das bases de dados no acesso à informação acadêmica

Fonte:  Fundacentro

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *