Pelo menos 55% da floresta poderia sumir até 2030.
Desmatamento aumentaria drasticamente liberação de dióxido de carbono.

A mudança climática e o desmatamento poderiam destruir ou pelo menos danificar gravemente 55% da floresta amazônica até 2030, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (6) pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês).

A publicação do estudo “Os círculos viciosos da Amazônia: seca e fogo na estufa” coincide com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática, em Bali.

O documento revela que o desmatamento da Amazônia pode liberar de 55,5 a 96,9 bilhões de toneladas de dióxido de carbono nas próximas décadas. O número equivale a mais de dois anos de emissões globais de gases do efeito estufa. Além disso, a destruição da área, segundo o boletim, eliminaria um dos principais estabilizadores do sistema climático global.

“A importância da floresta amazônica para o clima global não pode ser minimizada”, disse Dan Nepstad, cientista do centro de pesquisa Woods Hole, em Massachusetts.

“A Amazônia não só resfria a temperatura do mundo, mas é, ao mesmo tempo uma fonte de água doce, de tal magnitude que poderia bastar para influir em algumas das grandes correntes oceânicas”, acrescentou.

Pelas previsões do relatório, as chuvas diminuiriam 10% no futuro. A seca afetaria 4% das florestas.

O texto estima que o aquecimento global reduzirá as chuvas na Amazônia em mais de 20% durante esse período, especialmente no leste da floresta. Isso provocaria um aumento em mais de dois graus centígrados nas temperaturas locais, e de até oito graus centígrados durante a segunda metade do século.

Segundo o documento, o carbono produzido pela conversão de florestas por causa do uso de terrenos para a pecuária e a agricultura está penetrando a atmosfera. O volume foi calculado em 200 a 300 milhões de toneladas por ano.

“Ainda podemos deter a destruição da floresta amazônica, mas precisamos do apoio dos países ricos”, explicou Karen Suassuna, analista do WWF no Brasil.

“Nosso sucesso depende da velocidade com que os países ricos reduzirão as suas emissões prejudiciais ao clima, a fim de desacelerar o aquecimento global”, acrescentou.

Fonte: WWF Brasil, 2008

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