Um novo estudo mostra o tamanho do desafio de cuidar das unidades de conservação brasileiras: para que essas áreas ganhem proteção adequada, as verbas precisariam pelo menos dobrar e o número de funcionários mais do que triplicar.

“Esse primeiro estudo serviu para nós termos a dimensão real do problema”, afirma Ana Cristina Barros, da ONG TNC (The Nature Conservancy), que participou da elaboração do relatório “Pilares para o plano de sustentabilidade financeira do sistema nacional de unidades de conservação”, um levantamento feito a pedido do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para dimensionar o problema.

Em números de 2006, o Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) recebeu de várias fontes estatais R$ 229,9 milhões. Porém, o estudo apresentado agora mostra que o ideal seria ter um orçamento anual de R$ 466,5 milhões. Deste total, R$ 335,6 milhões seriam destinados para a rubrica dos recursos humanos. “Este é o custo mínimo para o sistema funcionar”, explica Barros.

O déficit detectado pela pesquisa é maior quando o exame é feito na folha de pagamento das unidades de conservação federais. No total, existem hoje 2.030 pessoas trabalhando em todo o sistema. Pela estimativa feita agora, o ideal seria ter, pelo menos, 9.075 funcionários. Isso significa que é necessário ocorrer um aumento de 3,47 vezes nas contratações.

Na comparação com os Estados Unidos, a defasagem de pessoal fica ainda mais gritante.

Enquanto no Brasil são 720 unidades de conservação federais para 2.030 pessoas –nem todas sempre em campo-, nos Estados Unidos são 20 mil funcionários para 388 zonas protegidas. Em área, o território sob proteção em tese no Brasil é o dobro do norte-americano.

Para que a situação em terras brasileiras possa melhorar nos próximos anos, o relatório também elencou quais são as mais novas e promissoras fontes de recursos econômicos para o Snuc. Além do Fundo de Áreas Protegidas, que poderia arrecadar até R$ 30 milhões por ano, as concessões de florestas nacionais, como o governo já tenta fazer em Rondônia, também é um caminho interessante, diz o estudo.

A projeção, neste item específico, é que os cofres públicos consigam arrecadar R$ 31 milhões anuais com o arredamento de florestas.

Fonte: Eduardo Geraque, Folha de São Paulo

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